Identidade e orientação sexual

Sexo, identidade de género, expressão de género e orientação sexual

Sexo biológico – assume-se frequentemente que é o sexo cromossomático ou o sexo genital, que pressupõe capacidades reprodutivas. Existem vários fatores que contribuem para o sexo biológico: cromossomas (XY, XX, ou outras combinações), genitais (estruturas reprodutivas externas), gónadas (presença de testículos ou ovários), hormonas (testosterona, estrogénios), etc. Uma pessoa intersexo tem órgãos genitais/reprodutores (internos e/ou externos) masculinos e femininos, em simultâneo, ou cromossomas que não são nem XX nem XY.

Identidade de género – sentimento de ser do género feminino (mulher) ou do género masculino (homem) independentemente da anatomia. Uma pessoa transgénero é alguém que não corresponde às convenções sociais e categorias tradicionais de género associadas ao seu sexo biológico. Uma pessoa transexual é alguém que sente que a sua identidade de género é diferente do seu sexo biológico. Algumas pessoas transexuais desejam mudar o seu corpo através de tratamentos e/ou cirurgias, mas nem todas.

Expressão de género – diz respeito aos comportamentos, forma de vestir, forma de apresentação, aspeto físico, gostos e atitudes. Uma pessoa andrógina exprime-se de uma forma ambivalente, ou seja, apresenta uma combinação de traços físicos quer masculinos, quer femininos ou uma aparência que não permite identificar claramente o seu género.

Orientação sexual – refere-se ao que cada pessoa pensa e sente sobre si própria e sobre a sua afetividade e sexualidade e por quem se sente atraído afetiva e sexualmente. Uma pessoa é considerada:

  • heterossexual se se sente sobretudo atraída por pessoas de género diferente
  • homossexual se se sente sobretudo atraída por pessoas do mesmo género
  • bissexual se se sente atraída por pessoas de ambos os géneros.

 

Fonte: adaptado por AMPLOS de https://tomandolugar.wordpress.com

Assumir uma orientação sexual diferente da norma

A homossexualidade e a bissexualidade são apenas outras variantes da sexualidade humana, como é a heterossexualidade. A consciência de que se é homossexual (gay ou lésbica) ou bissexual surge, normalmente, no período da adolescência. A forma de o descobrir é diferente de pessoa para pessoa e envolve, quase sempre, um período de confusão e de muitas dúvidas.

Algumas pessoas jovens dizem que, de alguma forma, sempre souberam que eram “diferentes”. Quando percebem que são homossexuais ou bissexuais, veem finalmente, esclarecidos muitos dos sentimentos confusos que tinham sentido ao longo do seu crescimento. Outras só descobrem a sua orientação sexual na altura das muitas mudanças que ocorrem durante a adolescência. Ainda há quem só se dê conta de ser homossexual ou bissexual quando chega à idade adulta.

A discriminação e estereótipos associados à homossexualidade e bissexualidade ainda marcam muito quem se vê confrontado com a sua orientação sexual. Se há quem aceite e assuma com alguma fluidez, muitas pessoas tendem a negar ou a esconder a sua verdadeira orientação sexual.

É importante não sentir pressão na definição da própria orientação sexual. É um processo que leva o seu tempo. Aquilo que uma pessoa sentir que verdadeiramente é, é o que está certo que seja.

Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo

LGBTI é um acrónimo que se internacionalizou e que corresponde às palavras:

  • Lésbica – designação atribuída a mulheres homossexuais;
  • Gay – designação dada a homens homossexuais;
  • Bissexual
  • Trans – designação dada às pessoas transgénero e transexuais;
  • Intersexo – designação dada a uma pessoa que tem órgãos genitais/reprodutores (internos e/ou externos) masculinos e femininos, em simultâneo, ou cromossomas que não são nem XX nem XY.

Referências

Documentos

  • Georges Abraham, Willy Pasini; com la colab. de J.J. Eisenring… [et al.], prólogo de Lluis Serrat (1980) Introducción a la sexologia médica. Barcelona, Editorial Crítica, 1980
  • Afonso de Albuquerque (2003). A homossexualidade. Quarteto
  • George Alan Appleby and Jeane W. Anastas (1998). Not just a passing phase : social work with gay, lesbian and bisexual people. New York : Columbia University Press
  • Elisabeth Badinter ; trad. Luís de Barros (1993). XY : a identidade masculina. Porto : ASA
  • Alan P. Bell y Martin S. Weinberg (1979). Homosexualidades : Informe Kinsey sobre la homosexualidad de hombres e mujeres… Madrid : Editorial Debate
  • Maria Belo (!986). Grupos sexualistas de mulheres. In: Análise Social. – Lisboa. – ISSN 0003-2573. – vol. XXII, nº 92/93 ( 1986 ), p. 707-714
  • Agnes Bolso When women take : reworking concepts of sexuality. In: Sexualities. – London : Sage Publications. – ISSN 1363-4607. – Vol. 4, nº 4 (Nov. 2001), pp. 455-473
  • Marie-Jo Bonnet (1981). Un choix sans équivoque : recherches historiques sur les relations amoureuses entre les femmes XVI-XX siècle. Paris : Denoel,
  • Marie-Jo Bonnet (1995). Les relations amoureuses entre les femmes du XVI au XX siècle: essai historique. Paris: Editions Odile Jacob
  • Edward M. Brecher et les éditeurs du rapport de l’Union des Consommateurs des États-Unis ; traduit par Michel Saint-Germain et Élise Bellefueille (1984). Rapport sur l’amour et la sexualité après 50 ans. Le Jour,
  • Teresa Castro d’Aire (1985). A homossexualidade masculina. Lisboa : Temas da Actualidade, 1995
  • Isabel Pereira Leal (1997). Sexualidade e parentalidade (pensar hoje o que se vem pensando) – Actas do 1º Colóquio de Psicologia Social Clínica. Lisboa : Instituto Superior de Psicologia Aplicada
  • Emmanuel Cooper (1986). The sexual perpective : homossexuality and art in the last 100 years in the west. London ; New York : Routledge & Kegan Paul,
  • Mário Cordeiro (2000). Adolescentes e homossexualidade. In: Adolescentes. – Lisboa. – nº 15 ( Junho/Agosto 2000 ) , p. 100-103
  • Jacques Corraze ; trad. de Evaristo Santos. A homossexualidade. Porto : Rés Editora, 19
  • Éric Dubreuil ; préface de Geneviève Delaisi de Parseval (1998). Des parents de même sexe. Paris : Odile Jacob
  • Linnea Due (1995). Joining the tribe : growing up gay & lesbian in the 90s. New York : Anchor Books,
  • Júlio Gomes (1980-1981). A homossexualidade no mundo. Lisboa : Ed. Gráf. Portuguesa
  • Richard Green (1987). The “sissy boy syndrome” : and the development of homosexuality. New Haven ; London : Yale University Press, 1987
  • Groult, Benoite (1979). Les nouvelles femmes. Paris: Mazarine
  • Hocquenghem, Guy; trad. Rosa Matos (1977). Homossexualidade, opressão e liberdade sexual. Porto : Gráfica Firmeza
  • Beger J., Nico; Krickler, Kurt;Lewis, Jackie; Wuch, Maren (1988). Egaux en droits : les homosexuel/les dans le dialogue civil et social. Brussels, Ilga Europe
  • Jolly, Margaretta (2001). Coming out of the coming out story : writing queer lives. In: Sexualities. – London : Sage Publications. – ISSN 1363-4607. – Vol. 4, nº 4 (Nov. 2001), pp. 474-496
  • Kassler, Jeanne (1983). Gay men’s health : a guide to the aid syndrome & other sexually transmitted diseases. New York : Harper & Row
  • Kippax, Susan; Smith, Gary (2001). Anal intercourse and power in sex between men. In: Sexualities. – London : Sage Publications. – ISSN 1363-4607. – Vol. 4, nº 4 (Nov. 2001), pp. 413-434
  • Lago, Maria; Paramelle, France (1978). A mulher homossexual : ensaio sobre a homossexualidade feminina. Mem Martins : Publicações Europa-América
  • Adam B. Cohen; Ilana J. Tannenbaum (2001). Lesbian and bisexual women’s judment’s of the attractiveness of different types body types. In: Journal of sex research. – ISSN 0022-4499. – vol. 38, n. 3 (Aug. 2001), pp. 226-232
  • Masters, William; Johnson, Virginia E.; Perriard, Diana (1979). Homosexualidad en perspectiva. Buenos Aires: Intermédica
  • Masters, William H.; Johnson, Virginia E.; trad. de Barbara Krotoszynski. Homossexualidade em perspectiva. Porto Alegre, Artes Médicas,
  • Menezes, Isabel; Costa, Maria Emília (1992) Amor entre iguais: a psicoterapia da diferença. In: Cadernos de Consulta Psicológica. – Porto. – ISSN 0871-7516. – nº 8 ( ), p. 79-84
  • Moita, Maria Gabriela (1998). Famílias homossexuais. In: Sexualidade & Planeamento Familiar. – Lisboa : APF. – 2ª série, nº 19/20 (Jul./Dez. 1998), pp. 10-12
  • Moniz, Egas (1913). A vida sexual : physiologia e pathologia. Lisboa, Livraria Ferreira,
  • WHO – World Health Organization (1988). Guidelines on certain aspects of homossexuality. London
  • Poole, Joyce (1989). The cross of unknowing : dilemmas of a catholic doctor. London, Sheed &Ward,
  • Reuben, David R. (1971). Everything you always wanted to know about sex : but were afraid to ask. London : Pan Books,
  • Rosen, Ismond; Lima, Artur Nogueira (1971). Os desvios sexuais. Lisboa, Meridiano
  • Sampaio, Daniel (1999). A arte da fuga. Lisboa, Editorial Caminho
  • Schnabl, Siegfried; Gomes, João Pedro (1983). O homem e a mulher na intimidade : questões da vida sexual. Lisboa : Caminho, imp. 1983
  • Seidman, Steven (1997). Difference troubles: queering social theory and sexual politics. Cambridge, Cambridge University Press
  • Sengers, W.J.; Moura, Maria Emília (1974). Reconhece-se homossexual? Lisbo, Futura
  • Smirgel, J. Chasseguet; Ramos, Patrícia Chitonni (1988). Sexualidade feminina. Porto Alegre : Artes Médicas
  • Stoller, Robert; Veronese, Maria Adriana Veríssimo; Graña, Roberto Barberena (1993). Masculinidade e feminilidade: apresentações do género. Porto Alegre, Artes Médicas
  • Suplicy, Marta (1999). Conversando sobre sexo. Petrópolis : Edição da autora, 1999
  • John Hart, Diane Richardson (org.), com contribuições de Kenneth Plummer… [et al.] ; trad. de Vera Ribeiro (1983). Teoria e prática da homossexualidade. In: Saúde e Bem Estar. – Lisboa. – nº 21 ( Janeiro 1996 ), p. 54-58. Rio de Janeiro : Zahar Editores
  • Anna Paula Uziel (2001). Homosexuality and adoption in Brazil. In: Reproductive health matters. – London : Blackwell Science. – Vol. 9, nº 18 (Nov. 2001), pp. 34-42
  • Glenn Wilson e David Nias; trad. Maria Adelaide Mendes de Carvalho (1979). Psicologia da atracção sexual. Lisboa : Edições 70

Links de interesse

Associação ILGA Portugal
É a maior e mais antiga associação de defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero (LGBT) em Portugal.

Rede Ex Aequo
A rede ex aequo é uma associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes com idades compreendidas entre os 16 e os 30 anos em Portugal.

ªt – A ªt.
Associação para o estudo e defesa do direito à identidade de género.

AMPLOS
Grupo de mães e pais pela liberdade de orientação sexual e de identidade de género