Clamídia

A clamídia é uma infeção sexualmente transmissível (IST) provocada por uma bactéria designada Chlamydia trachomatis (Ct) que pode localizar-se na boca, pénis, vagina ou ânus.

Um subgrupo de Chlamydia trachomatis, serotipos L1-L3, causam uma lesão genital designadalinfogranuloma venéreo, (LGV) mais comum em países tropicais.

O LGV entre nós manifesta-se como uma proctite grave, sendo mais frequente nos homens que têm sexo com homens (HSH) – ver NOTA no final.

Sabias que:

A clamídia pode infetar homens e mulheres em qualquer idade, mas é mais frequente nos/as jovens. No caso dos homens pode causar uretrite (infeção da uretra), nas mulheres cervicite (infeção do colo do útero) e em ambos os géneros proctite (infeção do reto).

Como se transmite?

A Ct transmite-se durante as relações sexuais desprotegidas (sexo vaginal, oral e anal) através do contacto direto com os fluídos genitais de uma pessoa infetada.

No caso da grávida, a infeção pode passar para o feto, provocando complicações várias, ou pode infetar o recém-nascido durante o parto, provocando uma forma especial de conjuntivite – Ophtalmia neonatorum.

Como se manifesta? 

A infeção por Chamydia é na sua maioria assintomática, ou seja, a pessoa não apresenta qualquer sintoma.

Mesmo que não apresentes sintomas podes transmitir a infeção ao/à parceiro/a sexual, assim como essa pessoa, se tiver esta infeção, pode transmiti-la a ti.

Quando existem sintomas, estes surgem entre 1 a 3 semanas após o contacto sexual com a pessoa infetada.

Nas mulheres os sintomas são muito raros mas a infeção pode provocar:

  • Corrimento vaginal
  • Hemorragia vaginal entre as menstruações ou após as relações sexuais
  • Dor abdominal
  • Dor no ato sexual
  • Dor ou sensação de ardência a urinar
  • Náuseas
  • Febre.

Nos homens, os sintomas são mais frequentes e podem ser:

  • Corrimento transparente da uretra, habitualmente escasso
  • Dor ou sensação de ardência a urinar
  • Dor ou desconforto testicular
  • Inchaço do escroto
  • Sensação de comichão na uretra.

infeção do ânus provoca proctite com inflamação, dor e/ou exsudado anal, por vezes sangramento, feridas e dificuldade em evacuar.

Chlamydia trachomatis pode também infetar a mucosa da orofaringe. A infeção da orofaringe é assintomática e constitui um reservatório de Chlamydia, que se transmite por sexo oral.

Quais as complicações da infeção?

A infeção por clamídia pode provocar algumas complicações como:

  • Epididimite e prostatite no homem
  • Infertilidade em ambos os géneros
  • Doença inflamatória pélvica na mulher
  • Parto prematuro, recém-nascido de baixo peso, aborto
  • Infeção ocular no recém-nascido.

Qual o período de incubação? 

Período de incubação: 10 a 20 dias.

Como se diagnostica? 

O diagnóstico deve ser realizado pelo/a médico/a e baseia-se na avaliação dos sintomas e na realização de análises com isolamento da Ct por cultura de exsudados colhidos pelo/a médico/a, ou pelo recurso a testes que identificam o ADN da clamídia a partir de amostras de urina ou de exsudados (da uretra, do colo do útero ou do ânus, conforme o caso).

A pesquisa de Chlamydia trachomatis deverá ser sempre acompanhada de testes de rastreio do VIH, da gonorreia e da sífilis. A infeção por Ct potência a transmissão e a aquisição de outras IST´s, nomeadamente do VIH e é muito frequente as infeções simultâneas gonorreia/clamídia (coinfecção).

Como se trata? 

O tratamento da infeção por clamídia é simples e eficaz, mas para tal deves procurar um/a médico/a. O tratamento é realizado com recurso a antibióticos, tanto nos homens como nas mulheres.

É aconselhado que não tenhas relações sexuais durante a toma da medicação e que o tratamento seja extensivo ao/à parceiro/a sexual, caso contrário a infeção tenderá a repetir-se e a perpetuar-se.

Por vezes, o/a médico/a faz em simultâneo o tratamento da Neisseria gonorrhoeae, dada a grande frequência, como já foi dito, das coinfecções clamídia/gonorreia.

Quais os principais fatores de risco?

Existem diversos fatores que aumentam o risco de contágio da infeção por clamídia, tais como:

  • Início precoce das relações sexuais
  • Ter outra infeção sexualmente transmissível
  • Ter um/a novo/a parceiro/a sexual, múltiplos parceiros/as ou parceiros/as ocasionais
  • Não usar de forma regular e correta o preservativo (masculino, feminino) ou dental dam (barra de látex – sexo oral à mulher) em todas as práticas sexuais (sexo vaginal, oral e anal).

Como se previne?

A principal medida de prevenção é o uso regular e correto do preservativo (externo-masculino e interno-femenino) ou dental dam (barra de látex-sexo oral à mulher) em todas as relações sexuais (sexo vaginal, oral e anal).

A prevenção da clamídia requer um rastreio laboratorial anual para todas as pessoas que têm parceiros/as ocasionais ou vários/as parceiros/as, mesmo que não apresentem sintomas.

Os/As parceiros/as das pessoas com clamídia diagnosticada devem realizar o rastreio da infeção e não ter relações sexuais até completar o tratamento.

Nas grávidas, também está recomendado o rastreio.

NOTA:

LINFOGRANULOMA VENÉREO (LGV) – Infeção sexualmente transmitida, muito rara na europa até à 1ª década de 2000, provocada por um subgrupo de Chlamydia trachomatis (serovars L1, L2, L3), e que na sua forma clássica se manifesta por pápula ou úlcera genital, que cura em poucos dias, acompanhada de aumento dos gânglios das virilhas. Desde a década passada têm surgido, em vários países da europa, formas atípicas de LGV com sintomas de inflamação do reto (proctite) e colon (colite), provocando dor ou incómodo anal e corrimento mucoso ou com sangue. Estas formas de LGV são mais frequentes nos homens que têm sexo com homens (HSH), sobretudo nos seropositivos para o VIH.

Diagnóstico – observação clínica, informação epidemiológica e confirmação laboratorial com recurso às análises referidas anteriormente.

Tratamento – curativo. Tratar sempre os parceiros sexuais, mesmo os assintomáticos.

Fonte:

https://www.apf.pt/infecoes-sexualmente-transmissiveis/clamidia

https://www.checkpointlx.com/public/uploads/infosaude/Clamidia.pdf

http://www.spginecologia.pt/uploads/revisao_dos_consensos_em_infeccoes_v…

Guedes, R., Simões, J. S., Azevedo, F., & Lisboa, C. (1). INFECÇÃO POR CHLAMYDIA TRACHOMATIS E NEISSERIA GONORRHOEAE EM UTENTES DE UMA CONSULTA DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO SEXUAL – ANÁLISE DE DEZ ANOS. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 70 (1), 91. (2012).

https://www.cdc.gov/std/chlamydia/treatment.htm

https://www.cdc.gov/std/chlamydia/stdfact-chlamydia.htm

https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-s…

https://www.spdv.pt/_grupo_para_o_estudo_e_investigacao_das_doencas_sexu…